sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Amsterdam - Parte 2

Início de noite em Amsterdam.

Não deixe de ler o post Amsterdam - Parte 1 antes de prosseguir.

Bairro da luz vermelha

Acho que a maioria dos brasileiros que vai a Amsterdam segue para a cidade interessada em ver o bairro da luz vermelha ou aproveitar a liberdade de poder entrar em um coffeeshop e fumar "o que quiser" com toda a tranquilidade.

Não foram estes os motivos que me levaram até lá, mas não podia deixar de conhecer o bairro. Chegamos até ele meio sem querer, estávamos andando pelo centro, decidimos conhecer uma igreja, a Oude Kerk (coberta pelo Museum Kaart) e ao sair, surpresa: algumas vitrines na porta da igreja com moças bondosas se exibindo nas famosas vitrines. Você reza e já pode voltar a pecar a vinte metros dali. Detalhe: além do tipo holandês padrão, existem profissionais com outro perfil: gordinhas, morenas, coroas e outras que visivelmente não são nativas do país.

O bairro da luz vermelha.

Se continuar se embrenhando no bairro, outras vitrines vão surgindo a beira dos canais. A região do Erotic Museum parece ser o epicentro da prostituição, com vitrines por todos os lados. Se você é homem e tem a intenção de experimentar os serviços e quer saber quanto é, vi uma moça sensacional passando o preço para um cara: E$50. Me falaram que é tabelado. Não sei se é mesmo, mas essa de E$50 era de primeira linha, então acho que disso não passa.

Para quem vai visitar o bairro acompanhado da esposa ou namorada e preferir caminhar por lá de manhã, vai encontrar um bairro mais tranquilo. Se não chegar muito cedo, parte das moças já estarão em suas vitrines lendo uma revista e esperando algum cliente com fuso horário desregulado.

Caso prefira ir a noite, vai ver o bairro fervilhando de gente, na maior parte das vezes bandos de homens. Não ficamos até muito tarde, mas nas primeiras horas da noite andamos por lá sossegados, não é um lugar que passa uma impressão de insegurança. Claro que você vai ver uns adolescentes ou adolescentes tardios gritando como se nunca tivessem visto mulher pelada na vida, mas é só.

Quanto aos coffeshops, podem ser encontrados por toda a cidade. Mas no bairro da luz vermelha eles aparecem aos montes. Não posso dizer muito, já que não frequentei. Mas eles tem uma variedade que extrapola a maconha: narguilê e balinhas de coca do Perú, por exemplo. De maconha, tem dezenas de produtos: balas e pirulitos, bolinhos tipo cupcake, etc. Só não vá (se for homem) ficar doido demais e torrar todo o seu dinheiro nas tias.

Este bairro se mistura com o centro de Amsterdam, que nao é grande. Faça o seguinte: reserve um dia para conhecer os dois de uma só vez. Só não perca tempo com o ridículo Sex Museum, que só tem bobagens e fotos de mulher pelada do século passado.


Casa de Anne Frank

A casa de Anne Frank permite ao visitante conhecer um pouco da perseguição sofrida pelos judeus durante a segunda guerra mundial. Foi lá, no chamado "anexo secreto" que oito judeus, quatro da família Frank e outros quatro amigos, se esconderam dos nazistas de 6 de julho de 1942 até 4 de agosto de 1944. Neste longo tempo, não puderam sair do esconderijo, e deviam manter as cortinas fechadas e evitar barulhos que levantassem suspeitas nos vizinhos.

Dos oito judeus, apenas Otto, o pai de Anne Frank, sobreviveu. Foi ele quem apoiou a criação do museu casa de Anne Frank e publicou o diário da filha, que foi guardado por uma das mulheres que os auxiliaram de fora do esconderijo. Os judeus, antes de serem descobertos, acompanhavam por rádio o avanço dos aliados contra os nazistas. Infelizmente, a ajuda não chegou a tempo para a maioria deles.

Alguns amigos que visitaram o museu sentiram um clima pesado no anexo, que foi mantido por Otto até se tornar museu. Apesar de não ter me sentido assim, a visita é mesmo triste, especialmente devido ao final tão triste. Mas acho que vale a pena conhecer.

E para quem se interessar em ler o diário, ele pode ser comprado na loja do museu. Existe tradução para o Português.

Este museu aceita o Museum Kaart. Para quem não tem, o preço é E$9.
Site oficial: http://www.annefrank.org/en/

Se achar o passeio muito pesado, faça um passeio de barco pelos canais (veja abaixo) ou alugue um pedalinho. Ambos os serviços podem ser contratados logo em frente ao museu Anne Frank.


Passeio de barco nos canais

O passeio de barco é uma opção bacana para quem não tem muito tempo em Amsterdam, ou que apenas quer conhecer a cidade a partir dos canais.

Com a empresa que contratamos, é possível embarcar em vários pontos da cidade, como o Museu Anne Frank, O Hermitage Museu, a feira de Flores, entre outros. Porém, é necessário se informar no ponto de embarque sobre os roteiros que os barcos fazem, pois existe mais de um. Os pontos de embarque citados acima (Anne Frank e Hermitage) atendem a ambos os roteiros.

Optamos por fazer um passeio de uma hora e quinze minutos (uma volta completa até o ponto de partida, sem desembarcar), por E$15. Porém, é possível comprar um ticket de um dia, e desembarcar para conhecer cada uma das regiões onde o desembarque é permitido, continuando com o passeio nos barcos que vierem depois. O ticket de um dia custa um pouco mais, E$20.

Veja mais detalhes em www.seeamsterdam.nl


Museu Rembrandt

Um dos atrativos de Amsterdam  que mais me atraía era justamente o museu do Rembrandt, o maior dos pintores holandeses, batendo mesmo Van Gogh e Vermeer.

Este museu foi montado na casa em que Rembrandt viveu entre os anos 1639 e 1656. Todo o ambiente foi preservado e o museu foi restaurado, mostrando não somente as peculiaridades da profissão e do modo de trabalho do pintor, mas também curiosidades das casas da época e da forma que viviam os holandeses mais abastados.

Não deixe de pegar o audioguia na recepção do museu, pois ele enriquece muito a visita. A primeira coisa que chama a atenção são as curtas camas dentro de armários, onde todos dormiam com as pernas penduradas para fora. De acordo com explicação do audioguia, as pessoas acreditavam que deviam dormir apenas escorados e não deitados, para que o sangue não subisse para o cérebro, o que poderia matá-los.

É isso mesmo. Eles dormiam nos armários.
A casa está mobiliada, e os aposentos relacionados ao trabalho de Rembrandt são fascinantes: o ateliê do artista (possível de ser reconhecido em parte de suas obras), o aposento com suas coleções de bustos de gesso, estampas e objetos exóticos, como animais empalhados e fósseis. A sala de impressão artesanal (onde um funcionário faz demonstrações a intervalos regulares), e o quarto onde Rembrandt dormia com a esposa Saskia, que morreu jovem e está enterrada sob a Oude Kerk (é possível ver o túmulo no assoalho da igreja).
O ateliê de Rembrandt.

As impressões realizadas como demonstração podem ser adquiridas pelos visitantes.

É um museu menos concorrido e mais tranquilo de visitar. É coberto pelo MuseumKaart. Para quem não tem o cartão, o ingresso custa E$12,50.

Site oficial: http://www.rembrandthuis.nl/

Arredores do museu Rembrandt:

Aproveite que já está no bairro e explore a região. Vá até a Rembradt Plein, uma praça repleta de bares e restaurantes, muito boa para almoçar ou curtir um fim de tarde. No meio da praça, esculturas reproduzindo os personagens da Ronda Noturna, possivelmente o quadro mais famoso do pintor e que está exposto no Rijksmuseum. Você pode tirar uma foto entre estas estátuas.

A uma quadra do museu-atelier de Rembrandt está a feira da Waterlooplein, com suas antiguidades, roupas, cds e livros usados.


Hermitage Museum

O Hermitage de Amsterdam é uma espécie de extensão do grande museu Hermitage Russo, e recebe deste as belas exposições temporárias que exibe. Enquanto estávamos por lá, tivemos a oportunidade de ver uma belissima mostra dos artistas Gauguin, Denis e Bonnard.

O museu é muito bonito, bem montado, e permite a entrada com o MuseumKaart. Preço para quem não tem o cartão: E$15.

Vale a pena visitar, se a exposição em cartaz no momento da visita a Amsterdam lhe interessar. Consulte o calendário em: http://www.hermitage.nl/en/


E as bicicletas??

É inacreditável, mas não alugamos bicicletas em Amsterdam. Não por preguiça. Para quem está acostumado a uma boa pernada, Amsterdam também é um lugar legal para caminhar. Plana, não tem trânsito pesado, e as atrações não estão tão distantes. Então, saíamos do bairro Pijp e íamos a pé até o centro ou Niewmarkt numa boa. Pode parecer perda de tempo para alguns, mas pelo menos uma vez não acho que seja. Vejo como uma oportunidade para descobrir a cidade.


No mais, avalie se as atrações da cidade lhe interessam. Para quem gosta de museus, feiras e passar uma tarde inteira descansando em um parque, a cidade exige mais tempo. Para quem que apenas ver o bairro da luz vermelha, visitar a Heineken experiente e nada mais, pode ser que um fim de semana seja o suficiente. No meu caso, fiquei oito dias e precisava de um pouco mais.

Abraços
Thiago Rulius.

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